teATROM
Teatro de Trovas Mórbidas
APRESENTA:
Mãe
África!
TEXTO DE
NILDO DOS SANTOS
DIREÇÃO: EDI
SOUZA
TEIXEIRA DE FREITAS – BAHIA, 2020.
Sinopse
Mãe
África é uma opereta mórbida, no qual os personagens não são nominados, para
melhor destacar os fatos a opereta traz para o debate, questão da africanidade
e o direto a liberdade, em um formato lírico, a história de empoderamento envolvente,
trabalhada no psicodrama, com variáveis do teatro surrealista, e com ação
cênica stanislavskiana, sem fugir do padrão de trovas mórbidas. A peça é
por sim mesma uma atividade ativista do humanismo.
Ordem da entrada
Ator/Atriz Símbolo da personagem
Carlos
Oliveira..............................Co
Sabrina
Gonsalves..........................Sg
Nadja
Lima...................................Nl
Fabricio
Ferreira............................Ff
Melk
Santana................................Gp
Rodrigo
Barbosa............................Rb
Gabriel
de Assis.............................Ga
Jonas
Filho...................................Jf
Felipe
Santos.................................Fs
Ezequiel
Le....................................El
Saturno.........................................As
Marte...........................................Cp
Edi
Souza......................................Ed
Mariana
Luz...................................Ml
Técnica
Marlecio
Assunção
Gil
Vito
Marcos
Gabriel
Lara
Lemos
Trilha
sonora
Marlecio Assunção
Gustavo Dm
Fabricio Ferreira
Apoio
Ong
Paspas – Profissionais da Área de Saúde Promovendo Assistência Social
Prefeitura Municipal de Teixeira de
Freitas | Secretaria de Educação e Cultura
CENA ÚNICA
{Música
métrica, em crescente.}
Co
[Entra em cena o ator (1) da direita para a esquerda, andando em (N) admirando
o espaço com olhar distante, (pausa física curta) Olha rápido
sobre o ombro esquerdo].
Sg [Atriz (1) entra pela a esquerda para a
direita e faz carinho no Co 1].
Nl [Entra pela a direita a
Bailarina. {Baila sendo observada com admiração por Co e Sg, em gestos simples em formas circulares].
Co [Faz
carinho em Sg, cena em meio movimentos circulares]
Sg [Corresponde
o carinho também, com movimentos meio circulares]
Ni [coloca
uma guirlanda na cabeça de cada personagem]
{O GRUPO | Entra em cena com
movimentos em (M) e em (W) {Tom alegre} (pausa de movimento curta) | Quebra
de cena | cena de impacto} Ni sai de cena correndo, para a esquerda | Entra em
Ff – cena em (S) com impacto em Co.|
O GRUPO | Em formação com (M W) com recuo no centro (com
pequenos movimentos triangulares) [cena de impacto de Ff contra Co] (cena
baixa)
Ff – Negro desgraçado... Escoria da sociedade!
Infame, porco de toda maldade, (espancamento)
Sua
peste, imundo, safado, macaco. A N I M A L!
Preto...
Você não é humano. Você é imoral.
Co – Por quê?
Ff – Por que! Você é um verme podre, cagado.
Pobre,
preto, você é um puta da periferia. (espancamento)
Ladrão,
“viadinho de merda” você merece um ardo.
Eu
tenho nojo de você sua vida é patifaria!
Co – Por quê?
Ff – seu bosta, fedorento, você merece morrer,
Seu
desgraçado você não merece viver... (espancamento)
Seu
bosta, não vale o chiclete que um bêbado mascou!
Todo
castigo para você é pouco, paga o ar que respirou!
Co – Por quê?
GRUPO – Ontem na África fui raptado!
Hoje no
Brasil sou humilhado! (cena em (C) envolta de Co.)
{O GRUPO | Entra em cena com
movimentos em (M) e em (W) {Tom triste} (pausa de movimento curta) | Quebra
de cena | cena de impacto} Ff sai de cena correndo, para a esquerda | Entra em Ed
– cena em (S) com impacto contra Sg.|
Ed – Eis o belo, que vale todo céu!
Sei que não pode pensar, (cena
de impacto)
E nem ter direito... andar em vel.
Mulher, “viado” e preto não pode falar.
Ontem eu sou seu escravizador!
Hoje eu sou seu violentador!
Ontem eu era o capitão do mato!
Hoje eu sou o capitão do asfalto!
Não cala a boca... essa é a realidade,
Vocês com seu voto, fez essa sociedade.
Meu cio capital voraz, já é
normalidade!
Eu posso, pois eu quero... é real.
Mulher
não tem valor... Natural.
Seu
corpo é meu, ... Sua animal!
[Sai do
grupo “salva” Sg (gritando)]
As – Toda mulher tem direto!
Temos que nos emponderar
Unidas podemos mais. É o certo.
A luta! A luta! A vitória é certa!
[Ed sai de cena e rapidamente e volta com Ff, ferocidade contra Co]
Negro,
da favela pobre e gay, mata, mata, mata!
É
“viado”, baitola favelado mata, mata!
Negro,
da favela pobre e gay, mata, mata, mata!
É
“viado”, baitola favelado (matando Co) mata, mata!
Negro,
da favela pobre e gay, mata, mata, mata!
É
“viado”, baitola favelado (mata Co) mata, mata!
{Grupo vira de costa,
cena congelada, falas do cotidiano, música fúnebre}
Ed..É fato! ...
[Cena fúnebre em grupo circular]
Jt –
Canta:
lírico-mórbido.
Como é
grade essa dor
Tão
terrível dor, terrível dor, dor
Que
dilacera a alma por causa da cor
Tortura
por causa do gênero, sim senhor
Eu
tenho valor, Você tem valor
Como é
grade essa dor
Grupo
–
Liberdade, igualdade e fraternidade!
Rb – Liberdade, liberdade ainda que tardia!
Reconheças...
Somos iguais todos os dias!
Para
ser humano é preciso fraternidade!
Ml –
Entra dançando (Música africana)
Co |
revive |
Ml – Eu sou a Mãe África,
Que
estou no sangue,
No DNA
que fica,
Sempre
ligue.
África,
África.
Co – Como pode dizer que é humano,
E
maltrata outro humano os...
Só por
que é diferente...
Por que
não é seu parente
Somos
todos humanos,
Não
importa a cor, sentimos a mesma dor,
Hó mãe
África, senhora da liberdade.
Mãe
Africa!
{O GRUPO | Cena com
movimentos em (M) e em (W) {em meio tom} (pausa de movimento curta) | Quebra
de cena | cena de impacto} faz os opressores sucumbirem|
Todos
–
Viva o povo, Viva a liberdade, viva! EÁH!