sábado, 2 de março de 2024

 O Teatro Mórbido, vem se destacando hoje, como um método paralelo ao Teatro da Crueldade, ambos sistemas cênicos tem origem francesa. 

TEATRO DA CRUELDADE:

Antonin Artaud dramaturgo francês nasceu em 1896 e lutou contra o formato e o conteúdo teatral do seu tempo.
O Teatro da Crueldade é o nome dado à teoria proposta por ele. Surgiu na década de 20, como uma maneira de fazer uma crítica à cultura do espetáculo e à própria forma que a sociedade ocidental enxergava o mundo. 
    A origem deste pensamento teve influência dos movimentos dadaísta e surrealista. Junto com Roger Aron, foi um dos primeiros diretores surrealistas, com a proposta de contestar o teatro naturalista, principalmente o francês, que se mostrava muito retórico e paradigmático.
    Além de se opor às características do teatro tradicional, o Teatro da Crueldade critica a racionalidade do mundo ocidental. Entre as suas ideias, estava a concepção de um novo teatro e uma nova apreensão do universo, ligada ao nível pré-verbal da psique humana. Para Artaud, o teatro deveria abalar as certezas adotadas pela sociedade.

“O processo de criação aproxima-se sempre da angústia, que é um sentimento ligado ao desconhecido. Tem-se medo de algo; angustia-se de uma sensação apenas. É a cultura das sensações (do imaginário, do sensível), não da cultura erudita. Mas, um teatro que vai do sensorial ao intuitivo. Não é um teatro físico, apenas”.                  Fonte: http://tempoperpetuo.blogspot.com/2015/05/a-crueldade-de-antonin-artaud-antonin.html

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Ópera do Teatro Mórbida

Ópera Mórbida, em uma expressão de uma Estrofe. Foi interpretada pelo o barítono Edi Souza em (RÉ MAIOR), na peça uma  "Estrofe" inspirada em poemas do autor Cruza e Sousa.

Fazendo um lindo espetáculo de uma ópera do teatro mórbido, uma justa homenagem ao pai do morbismo e do simbolismo brasileiro.  


“Lésbia” Poema de Cruz e Sousa.


Cróton selvagem, tinhorão lascivo,

Planta mortal, carnívora, sangrenta,

 Da tua carne báquica rebenta

 A vermelha explosão de um sangue vivo.

 Nesse lábio mordente e convulsivo,

 Ri, ri risadas de expressão violenta

 O Amor, trágico e triste, e passa, lenta,

 A morte, o espasmo gélido, aflitivo...

 Lésbia nervosa, fascinante e doente,

 Cruel e demoníaca serpente

 Das flamejantes atrações do gozo.

 Dos teus seios acídulos, amargos,

 Fluem capros aromas e os letargos,

 Os ópios de um luar tuberculoso...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

segunda-feira, 4 de maio de 2020


teATROM
Teatro de Trovas Mórbidas






APRESENTA:
Mãe África!
TEXTO DE NILDO DOS SANTOS
DIREÇÃO: EDI SOUZA










TEIXEIRA DE FREITAS – BAHIA, 2020.




Sinopse






Mãe África é uma opereta mórbida, no qual os personagens não são nominados, para melhor destacar os fatos a opereta traz para o debate, questão da africanidade e o direto a liberdade, em um formato lírico, a história de empoderamento envolvente, trabalhada no psicodrama, com variáveis do teatro surrealista, e com ação cênica stanislavskiana, sem fugir do padrão de trovas mórbidas. A peça é por sim mesma uma atividade ativista do humanismo.          












Ordem da entrada
Ator/Atriz              Símbolo da personagem
Carlos Oliveira..............................Co
Sabrina Gonsalves..........................Sg
Nadja Lima...................................Nl
Fabricio Ferreira............................Ff
Melk Santana................................Gp
Rodrigo Barbosa............................Rb
Gabriel de Assis.............................Ga
Jonas Filho...................................Jf
Felipe Santos.................................Fs
Ezequiel Le....................................El
Saturno.........................................As
Marte...........................................Cp
Edi Souza......................................Ed
Mariana Luz...................................Ml












Técnica
Marlecio Assunção
Gil Vito
Marcos Gabriel
Lara Lemos




Trilha sonora
Marlecio Assunção
Gustavo Dm
Fabricio Ferreira



Apoio
Ong Paspas – Profissionais da Área de Saúde Promovendo Assistência Social

Prefeitura Municipal de Teixeira de Freitas | Secretaria de Educação e Cultura





CENA ÚNICA
{Música métrica, em crescente.}

Co [Entra em cena o ator (1) da direita para a esquerda, andando em (N) admirando o espaço com olhar distante, (pausa física curta) Olha rápido sobre o ombro esquerdo].
Sg  [Atriz (1) entra pela a esquerda para a direita e faz carinho no Co 1].
Nl  [Entra pela a direita a Bailarina. {Baila sendo observada com admiração por Co e Sg, em gestos simples em formas circulares].
Co [Faz carinho em Sg, cena em meio movimentos circulares]
Sg [Corresponde o carinho também, com movimentos meio circulares]
Ni [coloca uma guirlanda na cabeça de cada personagem]
{O GRUPO | Entra em cena com movimentos em (M) e em (W) {Tom alegre} (pausa de movimento curta) | Quebra de cena | cena de impacto} Ni sai de cena correndo, para a esquerda | Entra em Ff – cena em (S) com impacto em Co.|


O GRUPO | Em formação com (M W) com recuo no centro (com pequenos movimentos triangulares) [cena de impacto de Ff contra Co] (cena baixa)
Ff – Negro desgraçado... Escoria da sociedade!
 Infame, porco de toda maldade, (espancamento)
Sua peste, imundo, safado, macaco. A N I M A L!
Preto... Você não é humano. Você é imoral.

Co – Por quê?

Ff – Por que! Você é um verme podre, cagado.
Pobre, preto, você é um puta da periferia. (espancamento)
Ladrão, “viadinho de merda” você merece um ardo.
Eu tenho nojo de você sua vida é patifaria!

Co – Por quê?

Ff – seu bosta, fedorento, você merece morrer,
Seu desgraçado você não merece viver... (espancamento)
Seu bosta, não vale o chiclete que um bêbado mascou!
Todo castigo para você é pouco, paga o ar que respirou!
Co – Por quê?

GRUPO – Ontem na África fui raptado!
Hoje no Brasil sou humilhado! (cena em (C) envolta de Co.)
 
{O GRUPO | Entra em cena com movimentos em (M) e em (W) {Tom triste} (pausa de movimento curta) | Quebra de cena | cena de impacto} Ff sai de cena correndo, para a esquerda | Entra em Ed – cena em (S) com impacto contra Sg.|
Ed – Eis o belo, que vale todo céu!
        Sei que não pode pensar, (cena de impacto)
        E nem ter direito... andar em vel.
        Mulher, “viado” e preto não pode falar.
       
        Ontem eu sou seu escravizador!
        Hoje eu sou seu violentador!
        Ontem eu era o capitão do mato!
        Hoje eu sou o capitão do asfalto!
    
        Não cala a boca... essa é a realidade,
        Vocês com seu voto, fez essa sociedade.
        Meu cio capital voraz, já é normalidade!

        Eu posso, pois eu quero... é real.
        Mulher não tem valor... Natural.
        Seu corpo é meu, ... Sua animal! 


[Sai do grupo “salva” Sg (gritando)] 
As – Toda mulher tem direto!
         Temos que nos emponderar
         Unidas podemos mais. É o certo.
         A luta! A luta! A vitória é certa!


[Ed sai de cena e rapidamente e volta com Ff,  ferocidade contra Co]
Negro, da favela pobre e gay, mata, mata, mata!
É “viado”, baitola favelado mata, mata!
Negro, da favela pobre e gay, mata, mata, mata!
É “viado”, baitola favelado (matando Co) mata, mata!
Negro, da favela pobre e gay, mata, mata, mata!
É “viado”, baitola favelado (mata Co) mata, mata!


{Grupo vira de costa, cena congelada, falas do cotidiano, música fúnebre}

Ed..É fato! ...





 [Cena fúnebre em grupo circular]

Jt – Canta: lírico-mórbido.
Como é grade essa dor
Tão terrível dor, terrível dor, dor
Que dilacera a alma por causa da cor
Tortura por causa do gênero, sim senhor
Eu tenho valor, Você tem valor
Como é grade essa dor

Grupo – Liberdade, igualdade e fraternidade!
Rb – Liberdade, liberdade ainda que tardia!
Reconheças... Somos iguais todos os dias!
Para ser humano é preciso fraternidade!
 
Ml – Entra dançando (Música africana)
Co | revive |
Ml – Eu sou a Mãe África,
Que estou no sangue,
No DNA que fica,
Sempre ligue.
África, África.
 
Co – Como pode dizer que é humano,
E maltrata outro humano os...
Só por que é diferente...
Por que não é seu parente
Somos todos humanos,
Não importa a cor, sentimos a mesma dor,
Hó mãe África, senhora da liberdade.
Mãe Africa!

{O GRUPO | Cena com movimentos em (M) e em (W) {em meio tom} (pausa de movimento curta) | Quebra de cena | cena de impacto} faz os opressores sucumbirem|
Todos – Viva o povo, Viva a liberdade, viva! EÁH!